sábado, 19 de janeiro de 2013

Que saudade...

O jeito mineiro de ser.

Sou do tempo em que ainda se faziam visitas.
Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé.
Geralmente, à noite.

Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo.
E os donos da casa recebiam alegres a visita. 
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.

– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. 
Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre.
Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.

Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. 
Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.

Tratava-se de uma metonímia gastronômica.
O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga?
A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...

Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. 
Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.

Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. 
A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.

O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém.
 Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.

Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas.
Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...Que saudade do compadre e da comadre!


Texto de José Antônio Oliveira de ResendeProfessor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.

Lindo! Não acham?
"Tudo isso faz parte dos velhos costumes das Minas Gerais"
Não me atrevo a colocar nem uma palavrinha...
Um grande abraço
Vania

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Alimento e saúde


Queridas Garotas Vintage,
Recebi de uma amiga e médica, esta informação e achei que deveria compartilha-la com vocês, afinal, como sempre falamos aqui, a saúde é sempre muito importante.

Por isso achei importante esta informação.
Um alimento tão barato e que esta sempre a nossa disposição independente da estação do ano.
Já vi muitas coisas a respeito desta fruta e do grande valor nutritivo, mas esta informação, é novidade para mim e de grande importância.
Vejam só:

                            

"De acordo com uma investigação científica japonesa recente, uma banana completamente madura com marcas negras na pele amarela, produz uma substância chamada TNF (fator necrose tumores) que tem a capacidade de combater células anormais.
Quanto mais manchas negras tiver, maior será a sua capacidade de auxiliar o sistema imunológico.
Assim sendo, quanto mais madura a banana, mais qualidade anti cancro terá.
Uma banana madura com manchas negras, é 8x mais eficiente em melhorar as propriedades dos glóbulos brancos do que as bananas mais verdes.
A ingestão de apenas 1 banana por dia aumenta a imunidade do organismo."

                             

Por tanto amigas,  vamos as bananas, não a  deixem fora do cardápio diário.

Colaboração de:  Dra. Marisa Andrade chaves

Um grande abraço
Vania


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Oração do caboclo

Gente, esta oração muito me tocou.
Tenho certeza que todos vão gostar muito e refletir um pouco também.






Ói Deus,
Nóis tá sempre pedindo as coisas pro Sinhô.
Nóis pede dinhero,
Nóis pede trabaio
Nóis pede pra chovê
E se chove demais
Nóis pede pra pará
Mode a coiêta num afetá                                                                         



Nóis pede amô,
Nóis pede pra casá                                                                     
Pede casa pra morá
Nóis pede saúde
Nóis pede proteção
Nóis pede paiz,
Nóis pede pra dislindá os nó
Quando as coisa cumprica
Mode a vida corrê mió.
                                                                                                                          


Quano a coisa aperta nóis reza
Pedindo tudo que farta
É uma pedição sem fim
E quano as coisa dá certo,
Nóis vai na igreja mais perto
E no pé de argum santo
Que seja de devoção
Nóis deixa sempre uns merréis
E lá no cofre da frente
Nóis coloca mais uns tostão.




Mais hoje Meu Sinhô
Bateu uma coisa isquisita
E eu me puis a matutá
Nóis pede, pede e pede
Mais nóis nunca pregunta
Comé que o Sinhô tá
Se tá triste ou tá contente
Se percisa darguma coisa
Que a gente possa ajudá
E por esse esquecimentp
O sinhô tem que nos adiscurpá.



Ói Deus, nóis sempre pensa
Que o Sinhô num percisa de nada
Mas tarvez num seja assim
Tarvez o Sinhô percisa de mim
Sim, o Sinhô percisa, sim
Percisa da minha bondade
Percisa da minha alegria
Percisa da minha caridade
No trato c’os meus irmão.



Nóis semo seu espêio
Nóis semo a Sua Criação
Nóis num pode fazê feio
Nem ficá fazendo rodeio
Nem desapontá o Sinhô
Nem amargá o seu sonho
Que foi um sonho de amô
Quando essa terra todinha criô.



Ói Deus, eu prometo
Vo rezá de ôtro jeito
Vo pará com a pedição
E trocá milagre por tostão
Tarvez eu inté peça uma graça
Mas antes vo vê direitinho
O que é que andei fazendo de bão.
E se nada de bão eu encontrá
Muito vo me envergonhá    
E ainda vo pedi perdão.

Texto de Fátima Irene Pinto
Colaboração de Simone  Rizzotti Tomas
Um grande abraço
Vania